O aquecimento global tem gerado temperaturas extremas, tempestades mais fortes e também tem aumentado a quantidade de raios no país. O Brasil já nasceu campeão, e esse título não é nada agradável. O fato de ser o maior país tropical do mundo nos faz campeões mundiais de incidência de raios. A novidade é que o número de raios vem aumentando.
De janeiro a outubro deste ano, caíram no Brasil mais de 172 milhões de raios. No ano passado, no mesmo período, foram 147 milhões - ou seja, 25 milhões de raios a mais.
Mesmo com mais raios, o número de mortes vem caindo. Foram 101 dez anos atrás e 68 no ano passado. O que salva vidas é conhecer os riscos e agir corretamente. Em lugares abertos e descampados, o raio sempre vai cair no ponto mais alto.
Em uma praia, por exemplo, o pontos mais altos são os seres humanos, que se tornam os maiores alvos. Por isso, não basta sair da água. O ideal é sair da praia. E não adianta buscar árvores e quiosques isolados. Esses locais, em vez de proteger, aumentam o risco. É preciso procurar abrigos dentro de casas, prédios ou então dentro de um carro totalmente fechado. O carro é uma das maiores invenções humanas na proteção contra os raios.
"Um objeto metálico fechado forma uma coisa que é chamada gaiola de faraday. Um raio atingindo um objeto metálico fechado, ele circula ao redor do objeto, mas não consegue penetrar dentro do objeto", explica Osmar Pinto Junior, coordenador do Inpe.
80% das pessoas atingidas por raios estão ao ar livre - além das praias, os locais de maior riscos são as pastagens ou campos de futebol e o topo de montanhas -, mas 20% das mortes acontecem dentro de casa, muitas vezes perto de janelas abertas.
Uma das condutas mais arriscadas é falar no celular com o aparelho ligado no carregador. Também é preciso evitar tocar em outros objetos ligados à rede elétrica, como geladeiras e microondas.
No Brasil tem aumentado o número de atingidos andando de moto pelas estradas. A recomendação é interromper a viagem e buscar abrigo. Os pneus de motos e bicicletas não protegem contra raios. Isso é uma crendice, assim como a lenda de que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar.
O risco de ser atingido também pode ser muito maior do que 1 em 1 milhão. No último domingo, um guia de turismo foi morto por um raio na Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro.
"Quando você se coloca em uma situação de risco, como, por exemplo, o topo de uma montanha, na beira da praia, a probabilidade de ser atingido por raio não é uma em um milhão, pode ser uma em 100. É alta e por isso que morrem pessoas", ressalta Osmar.
g1